sábado, 5 de julho de 2025

SEGUNDA CARTA PARA DAMIAN

Hoje não é só saudade. É sobre esperança.
Quando tocam meus boleros favoritos, quase sinto teu corpo dançando junto ao meu.
Fecho os olhos e teu toque ainda me arrepia, e um beijo lento teu no meu pescoço ainda me encontra.
A lembrança vai ficando distante, mas foi segurar tuas mãos que me trouxe calma. Elas se encaixaram nas minhas, mas a pressa não deixou que se entrelaçassem numa dança lenta.

Fica em mim essa vontade de viver tudo o que o tempo não deixou. Dá pra entender por que eu tenho tentado tanto?

Não me arrependo de ter tentado.
Só me arrependo de não ter ido ao aeroporto. Na verdade, eu não queria ir para não dizer adeus. Gostaria que a ideia de aeroporto fosse eu desembarcando na tua cidade ou tu regressando por aqui.

Meu coração insiste em acreditar que ainda te reencontro este ano. Ontem orei por ti, para que nossos caminhos se encontrem e para que a gente se acerte de alguma forma.

Essa carta é curta, mas está cheia de esperança.

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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Nossas férias em agosto

Negue que está conhecendo outra pessoa e que já não pensa mais em mim. Diz que nosso encontro mexeu com você. Passei esses meses esperando te ver, te levar para todos os restaurantes à beira-mar que vi pela Espanha. É verdade mesmo que você queria ver filme comigo, passar a noite ao meu lado para nos amar de novo e de novo? Essa cena tem se repetido na minha cabeça durante esses seis meses.


Que loucura é ter que explicar que tudo não está certo, que seu comportamento está errado, e que essa minha empatia pelas suas atitudes me faz de idiota. Que inferno é ter que omitir esses sentimentos, numa espera silenciosa de que você reconheça tudo e volte atrás. Tentar fazer acontecer só te afasta ainda mais de mim. E eu tenho que adivinhar se o teu mundo amoroso está complicado, ou se talvez você não esteja pronto, ou, quem sabe, tudo não passou de uma brincadeira de momento.


Eu odeio ter que mentir que não te quero. Eu cruzaria a Alemanha só pra te ver, quantas vezes fosse preciso. Nenhum preço paga o valor de um beijo teu, do teu toque, do teu olhar. O calor era um pedido seu pro nosso próximo encontro. Agosto, no meu coração, seria o nosso momento. Agosto era promissor desde janeiro — em silêncio e guardado no meu peito.


Agosto era a promessa de que o verão traria o calor que precisávamos para aquecer nossas vidas, fugindo dos dias cinzas. Meses de espera que me rasgam. Meses de paciência, à espera de compreender o seu mundo e te abraçar tão forte, até que você se sentisse em casa — nesse abraço nada gringo, culturalmente familiar.


É que tuas mãos são tão macias… É que teu beijo é tão suave, que o resto das lembranças do nosso encontro vai me dando adeus, como um navio que desaparece no horizonte. Tudo isso porque você nunca mais esteve aqui, desde que tudo começou.

Teu anjo da guarda já deve estar cansado de ouvir minhas orações — de quantas vezes eu pedi pra ele te fazer pensar um pouquinho em nós. 

É isso. Eu gostaria que fosse nós.

Eu gostaria que agosto fosse nosso.


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domingo, 1 de junho de 2025

Carta para Damian

Caro Damian,

Queria te dizer que menos de duas horas foram necessárias para que uma grande parte de ti ficasse comigo antes de partires. Teu esforço e afeto me tocaram. Nossos idiomas se encaixam com uma semelhança que me faz rir pelas diferenças — mas pouco importa, porque sei que você me decifrou em minutos. Ditados são como provérbios, e o que já dura semanas comigo é: quem fica, sempre sente falta.

Falta dessas mãos que tocaram meu corpo e meu rosto de um jeito único e carinhoso — e que deixaram um desejo: te ver em breve.

Falta dessa mão desastrada que ainda me deve um batido de chocolate e um encontro que eu anseio logo. Falta desse conforto de poucas horas em que eu pude me sentir em casa, fingir quase falar a minha língua e, mesmo assim, ser compreendido.

Estar encantado por você é querer replay — e muito mais — mas sem pressa, bem devagar. Lembrar de você é como acender um fogo que me consome nos meus sonhos e no meu dia a dia. É como estar morrendo de sede no primeiro dia do verão.

Será que eu teria mesmo te conhecido na universidade em Rosário, em 2019? Ou será que isso só deveria ter acontecido agora? E, se foi agora... por quê?
Tenho tantas questões que só poderiam ser respondidas pelos teus olhos.

Essa distância me corrói. O que, na verdade, me avassala é não saber onde foi que me perdi. Talvez tenha sido na mesma coisa de sempre: dosar o que sinto.
Damian, não posso me desculpar por ser honesto com meu coração — e contigo. Eu não consigo conter o que sinto por você.

Com essa distância, eu vou fingindo estar bem — meio desconectado de ti, sem previsões de quando poderei te abraçar forte de novo.

Hoje, essa carta é de saudade.
E das possibilidades que meu coração deseja tanto descobrir — em você, sobre você, com você.

Hoje é sobre saudade.

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terça-feira, 16 de outubro de 2018

Não desiste de mim.

Meu amor do futuro,

Por favor, cuide de mim. Tenho andado descuidado por muito tempo. Tenho me enchido de amor próprio, trabalho e playlists de músicas das quais não me canso. Meu coração anda tão frio que mal sei como consigo escrever estas palavras. Cheguei ao ponto de evitar qualquer tipo de apego. Desaprendi a amar, ou talvez nunca tenha aprendido genuinamente.

Peço perdão antecipadamente se por acaso me distanciar de você. Se não conseguir dizer "eu te amo" quando já estiver amando você. Se precisar arriscar te perder para que meu coração bata mais forte e reconheça minha paixão. Se parecer distante e desinteressado. Se precisar me afastar com medo de magoá-la. Se nossos sonhos forem incompatíveis e eu precisar partir. Se achar que outra pessoa poderá corresponder melhor ao seu amor. Meu peito foi preenchido por tantas dores que às vezes sinto que a solidão é minha sentença.

Sinto falta de um bom beijo, de um cafuné, e às vezes deliro com as futuras noites de amor que poderemos ter. Talvez eu precise que você seja firme comigo para sentir sua falta. Odeio jogos, mas parece que estou preso em um do qual não consigo escapar. Por favor, tenha paciência comigo e respeite meu espaço. Peço desculpas se, ao ler isto agora, já tenha causado sofrimento; não foi minha intenção.

Sei que talvez mereça essa sentença, dada minha história, mas também sei que a vida ainda tem muitas estradas a explorar. Queria que pudesse viajar comigo e conhecer mais da vida. Na verdade, quero. Se estou mostrando este texto para você, é porque te quero. Apenas peço que me compreenda e não desista de mim, mas se seu coração assim pedir, que assim seja.

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sábado, 1 de julho de 2017

Me deixa em paz.

Estou te desbloqueando apenas para esclarecer pela última vez. Espero que isso finalmente me deixe em paz de uma vez por todas. Assim que descobri que estou com outra pessoa, você reaparece na minha vida tentando reviver nosso passado. Superei as recaídas e deixei de pensar em você. Em resumo, segui em frente e não adianta mais aparecer na casa da minha mãe para conversar e tomar café com segundas intenções. Não esperava que nossa separação afetasse sua amizade com ela, mas pare de alimentar ideias de que você mudou, que vai parar de beber e que as coisas serão diferentes. Não haverá outra chance, pois estou vacinada contra seus discursos. Ela sabe o mal que você me fez e não vai mais cair na conversa de que sinto saudades.

Lembra como nosso relacionamento entrava em crise às quartas-feiras de futebol, quando você chegava bêbado e tarde em casa? Lembra das noites que passei sozinha enquanto você estava com os amigos bebendo? Não adianta mais enviar minha comida favorita ou ingressos de cinema para meu endereço. Recebo, me divirto, mas você está perdendo tempo enquanto eu busco melhorias. Estou quase terminando meu mestrado e indo embora desta cidade. Não adianta ligar com desculpas sobre problemas no WhatsApp e não saber se recebi a mensagem. Bloqueei você e você sabe disso. Nada mais pode comprar minha felicidade. Poupe-me de seus teatros, apague meu número e siga em frente. Tente pelo menos, porque sei que será difícil me esquecer e encontrar alguém como eu. Aproveite que está solteiro e viva a vida que sempre quis.

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sábado, 24 de junho de 2017

Tem de ser você.

Sempre me senti importante ao ouvir você dizer que eu era o seu homem. Desde que você chegou, as coisas mudaram. Meu cabelo ganhou um novo corte, você começou a organizar minhas finanças e a cortar gastos desnecessários. Deixei você assumir o controle de coisas que antes eram totalmente minha responsabilidade, para ver como outra pessoa lidaria com tudo isso. Fiquei surpreso ao perceber como você poderia me ajudar.

Com você, aprendi mais sobre moda e a me vestir melhor. Antes, qualquer coisa servia, mas agora presto atenção aos detalhes até nas coisas mais simples. Hoje, estou aqui, apaixonado, escrevendo esta declaração. Meu banheiro está cheio de produtos de beleza, e olhando para a estante, vejo que faltava alguém para preencher todos os espaços vazios.

Não me importo com o que as pessoas dizem sobre nós estarmos sempre juntos, pois sabemos que não é toda a verdade. A verdade é que eu quero casar com você. Não porque estou no auge da paixão, nem porque estou cego de amor, mas porque pensei muito e esperei meses para conhecê-la por dentro e por fora.

Já me acostumei a levar chocolate para você naqueles dias, sei que você é linda ao acordar com os cachos no cabelo. Você reconhece meu tom de voz triste ao telefone e, mesmo com toda a correria, sabe preparar o melhor jantar e me fazer uma massagem depois do banho.

É que, apesar de tudo, encontrei alguém a quem posso contar meus medos, inseguranças e ansiedades. Nunca soube o que era ser cuidado por alguém assim. Anos atrás, jamais pensei que escreveria algo assim para alguém, ou que sentiria vontade de casar. Parabéns a você por mudar esses conceitos e se tornar a pessoa mais incrível da minha vida. Não tenho mais dúvidas de que é você, Roberta.

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domingo, 18 de junho de 2017

O homem dos filmes.

Desde o término dos meus pais, aprendi com minha mãe e seus relacionamentos a sempre ter um plano B por precaução. Esse ciclo nunca parecia ter fim. Os filmes românticos sempre vendiam algo que não se encaixava na minha realidade, por isso nunca fui fã desse gênero. E então, como previsto, apareceu alguém na minha vida.

Júnior era bonito, atencioso, tudo aquilo que os filmes nos fazem desejar, mas que na vida real nem sempre é assim. Ele me mandou flores, chocolates e os deixou no meu trabalho anonimamente no dia do meu aniversário. À noite, agradeci pela surpresa, que realmente tinha sido dele. Ele era legal, mas ser legal nunca foi suficiente para mim. Não havia mistério, ciúmes, tudo estava claro demais. Dizer isso faz parecer que eu prefiro os cafajestes e os que pisam nas mulheres. De jeito nenhum! Previsibilidade nunca me atraiu, e com ele sempre soube qual seria o próximo passo. Sua mãe tentou me deixar à vontade na família, mas não deu certo. Eu, que sempre gostei de um desafio e de uma boa competição, não me contentei com tanta tranquilidade.

Talvez eu não seja a pessoa certa para os bons rapazes, porque sempre estive viva e pronta para o jogo. Para poupá-lo, decidi terminar antes que ele criasse mais expectativas sobre "nós". Não podia permitir que ele mudasse quem era só para me agradar, sendo artificial. Quando disse que não éramos compatíveis, ele aceitou com tristeza. Desapareceu das minhas redes sociais e não respondeu mais minhas mensagens. Deve ter se arrependido de ter me dado as flores e chocolates, que, aliás, foram os melhores que já recebi.

Sempre disse que não gosto de magoar alguém, mas sempre foi inevitável. Agora, com Rodrigo, tenho certeza de que ele é o encaixe perfeito, alguém que foge do comum e me deixa intrigada. Todos merecem um final feliz, mas não é preciso mudar ou se adaptar para encontrar alguém. Cada um faz suas escolhas. Quanto ao Júnior, desejo que encontre sua felicidade e acredito que um dia ele encontrará alguém que sonhe com um homem como nos filmes.

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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Segunda chance.

black and white, love, and couples image
Era agosto, mas só depois de alguns meses ela quis conversar comigo. Nem cogitei ser prepotente e pensar que só depois de algum tempo ela precisasse de mim, até por que estive a espera por esse momento. Em janeiro mandei minha última mensagem. Ela havia acabado por que não sabia o que fazer com as minhas faltas, nem tampouco como conciliar a responsabilidade de criar seu filho e de como ter que bancar uma casa sozinha. Seu medo ao meu ver era que eu fizesse parte de sua vida, assumisse uma família e em algum momento caísse fora, exatamente o que seu ex fez assim que teve a oportunidade. Eu já a conhecia através de amigas de escola, mas ela já namorava com um outro cara desde o ensino médio. Aqueles relacionamentos de adolescência que daria em casamento, sabe? Quando ela deu um tempo com ele na época saímos varias vezes juntos e ficamos. Sempre tive dúvidas se o filho era meu, mas ela nunca tocou no assunto. Havia andado muito ausente com trabalho de conclusão de curso, estágio, trabalho e mal tive tempo para dar-lhe amor. O tempo que eu tinha era só meu e algumas vezes eu mandava uma música com mensagem de boa noite e um eu te amo. Eu a amava mesmo, mesmo que eu não demonstrasse tanto. Desde março eu estava decidido de que faria tudo acontecer, mas o tempo cuidou de tudo sozinho. No começo de agosto bateu em minha porta dizendo que não pudera mais guardar este segredo e que precisava conversar comigo. Suas palavras de saudade me encheram de amor e logo me contou que o filho era meu. Eu não estava surpreso até porque sempre suspeitei, mas desapontado por ela não ter me contado antes. Apesar disso nos demos uma segunda chance, conheci de fato o meu filho, a perdoei e ela me perdoou pelas ausências. Segunda chance foi tudo que precisamos para sermos sinceros, presentes e continuar nossa história mas dessa vez como uma família. 
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