Caro Damian,
Queria te dizer que menos de duas horas foram necessárias para que uma grande parte de ti ficasse comigo antes de partires. Teu esforço e afeto me tocaram. Nossos idiomas se encaixam com uma semelhança que me faz rir pelas diferenças — mas pouco importa, porque sei que você me decifrou em minutos. Ditados são como provérbios, e o que já dura semanas comigo é: quem fica, sempre sente falta.
Falta dessas mãos que tocaram meu corpo e meu rosto de um jeito único e carinhoso — e que deixaram um desejo: te ver em breve.
Falta dessa mão desastrada que ainda me deve um batido de chocolate e um encontro que eu anseio logo. Falta desse conforto de poucas horas em que eu pude me sentir em casa, fingir quase falar a minha língua e, mesmo assim, ser compreendido.
Estar encantado por você é querer replay — e muito mais — mas sem pressa, bem devagar. Lembrar de você é como acender um fogo que me consome nos meus sonhos e no meu dia a dia. É como estar morrendo de sede no primeiro dia do verão.
Será que eu teria mesmo te conhecido na universidade em Rosário, em 2019? Ou será que isso só deveria ter acontecido agora? E, se foi agora... por quê?
Tenho tantas questões que só poderiam ser respondidas pelos teus olhos.
Essa distância me corrói. O que, na verdade, me avassala é não saber onde foi que me perdi. Talvez tenha sido na mesma coisa de sempre: dosar o que sinto.
Damian, não posso me desculpar por ser honesto com meu coração — e contigo. Eu não consigo conter o que sinto por você.
Com essa distância, eu vou fingindo estar bem — meio desconectado de ti, sem previsões de quando poderei te abraçar forte de novo.
Hoje, essa carta é de saudade.
E das possibilidades que meu coração deseja tanto descobrir — em você, sobre você, com você.
Hoje é sobre saudade.