segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Sendo assim, eu resisto.


A todo momento eu sorria e parecia um pré-adolescente que via o seu amor de escola. Dessa vez foi diferente, não era mais escola e não era a primeira vez. Eu já havia lido em alguma revista sobre este tal comportamento. Eu já tinha alguns dados na mão, eu já conhecia um pouco o tabuleiro mas a garota da revista estava de frente á porta do meu coração. Ela era bem diferente, tinha um cabelo loiro e vivia dizendo que se achava gorda — paranoia dela, claro. Ela tinha um jeito de controlar as pessoas, de se irritar e de chorar do nada, mas vivia justificando que era por conta de seu signo. Eu ria, achava engraçado e até fui caçar sobre no horóscopo. Ela queria causar temor até mesmo enquanto eu não tinha trocado um bom dia na saída da aula. Ela amava festas e eu a achava incrível, mas algo não a caía bem. Apesar de toda máscara madura, ela dizia que não trocaria sua liberdade por sentimento algum — mas não era isso. Qualidade não era superior a quantidade e ela sabia bem o que fazia. Tinha todos na mão e esse era seu maior título —mesmo que implícito. Frascos magnificentes eram o seu amor e enquanto não a privasse, não os trocara. Havia algo mais, mas não permitia ninguém adentrar ao seu mundo. Ela tinha de tudo para ser incrível e eu acreditava nisso, entretanto não podia mais investir no abstrato.

 Ela queria ser o que não podia, sendo assim deixei-a com suas tentativas. Ela é a que revira os olhos, quando alguém faz uma piada ruim. Ela é a que não curte posts para não demonstrar interesse. Ela é a que recusa um jantar, com receio de ser vista como fácil demais. Ela é a que recebe cantadas e já não mais as suporta. Ela é a que corta a conversa, quando percebe que finalmente está ganhando o que quer de quem não se quer. Ela é a indiferente que apesar de tudo só quer ser diferente e ser notada de uma maneira incrível. Ela é a que consegue ser reconhecida facilmente por terceiros em textos assim. Ela é a que é especial demais, mas perde muito tempo sendo outra qualquer. Sendo assim, eu resisto.


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sábado, 3 de setembro de 2016

Tentativa Fracassada.

Um copo de café nunca foi suficiente para ouvir seus desabafos. Enquanto acrescentava canela, você logo fazia cara de brava para saber se eu realmente estava lhe ouvindo. Seu ônibus sempre atrasara e enquanto perdia os meus, estavas ao teu lado esperando me prometeres que na semana seguinte acabaria o namoro e que finalmente ficaria comigo. Que finalmente receberia as minhas marcas terríveis em seu pescoço, tendo que deixar o cabelo na mesma posição por uns quatro dias. Da minha provável sogra criei afeto e mal podia esperar para conhecê-la e tomar um café ás cinco. Enquanto perdia meus ônibus, senti que um dia tudo acabaria ali ou que nem mesmo começaria. Senti que todos os teus sorrisos estavam me ensinando que da vida algo melhor estava á caminho. Algo que não fosse como você. Algo que não fosse de um metro e setenta. Algo que não fosse tão correto ao ponto de não se atrasar para as aulas. Algo que seria outro alguém. Um dia então o lugar que eu costumava te olhar já não havia mais nada a não ser memórias. Eu estava determinado que na semana seguinte eu faria tu me explicares esse sumiço, mas nunca mais aparecestes. Enquanto acrescentava canela, querias mesmo me dizer para aproveitar o momento pois estes eu não os mais teria. Que nos meses que por insegurança não reagi, perdera tempo porque tu já perdoara o passado. Que enquanto desse, eu pudesse estar ao seu lado. Que farias de tudo para tentar ser a primeira, única e última. Tudo bem que eu tentei, eu sei que você também tentou. Que apesar de tudo, o "nada" seria mais valioso. Que apesar de eu amar os teus sorrisos, eles seriam a minha fraqueza. Que apesar de eu ter sido insano, eu não retornaria mesmo às velhas páginas. Foi só uma tentativa fracassada. A vida me preparou para cafés mais amargos, para ver pores do sol incríveis que por todo esse tempo esteve tapado pela sua presença de exuberância passageira.
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