Negue que está conhecendo outra pessoa e que já não pensa mais em mim. Diz que nosso encontro mexeu com você. Passei esses meses esperando te ver, te levar para todos os restaurantes à beira-mar que vi pela Espanha. É verdade mesmo que você queria ver filme comigo, passar a noite ao meu lado para nos amar de novo e de novo? Essa cena tem se repetido na minha cabeça durante esses seis meses.
Que loucura é ter que explicar que tudo não está certo, que seu comportamento está errado, e que essa minha empatia pelas suas atitudes me faz de idiota. Que inferno é ter que omitir esses sentimentos, numa espera silenciosa de que você reconheça tudo e volte atrás. Tentar fazer acontecer só te afasta ainda mais de mim. E eu tenho que adivinhar se o teu mundo amoroso está complicado, ou se talvez você não esteja pronto, ou, quem sabe, tudo não passou de uma brincadeira de momento.
Eu odeio ter que mentir que não te quero. Eu cruzaria a Alemanha só pra te ver, quantas vezes fosse preciso. Nenhum preço paga o valor de um beijo teu, do teu toque, do teu olhar. O calor era um pedido seu pro nosso próximo encontro. Agosto, no meu coração, seria o nosso momento. Agosto era promissor desde janeiro — em silêncio e guardado no meu peito.
Agosto era a promessa de que o verão traria o calor que precisávamos para aquecer nossas vidas, fugindo dos dias cinzas. Meses de espera que me rasgam. Meses de paciência, à espera de compreender o seu mundo e te abraçar tão forte, até que você se sentisse em casa — nesse abraço nada gringo, culturalmente familiar.
É que tuas mãos são tão macias… É que teu beijo é tão suave, que o resto das lembranças do nosso encontro vai me dando adeus, como um navio que desaparece no horizonte. Tudo isso porque você nunca mais esteve aqui, desde que tudo começou.
Teu anjo da guarda já deve estar cansado de ouvir minhas orações — de quantas vezes eu pedi pra ele te fazer pensar um pouquinho em nós.
É isso. Eu gostaria que fosse nós.
Eu gostaria que agosto fosse nosso.