sexta-feira, 13 de junho de 2025

Nossas férias em agosto

Negue que está conhecendo outra pessoa e que já não pensa mais em mim. Diz que nosso encontro mexeu com você. Passei esses meses esperando te ver, te levar para todos os restaurantes à beira-mar que vi pela Espanha. É verdade mesmo que você queria ver filme comigo, passar a noite ao meu lado para nos amar de novo e de novo? Essa cena tem se repetido na minha cabeça durante esses seis meses.


Que loucura é ter que explicar que tudo não está certo, que seu comportamento está errado, e que essa minha empatia pelas suas atitudes me faz de idiota. Que inferno é ter que omitir esses sentimentos, numa espera silenciosa de que você reconheça tudo e volte atrás. Tentar fazer acontecer só te afasta ainda mais de mim. E eu tenho que adivinhar se o teu mundo amoroso está complicado, ou se talvez você não esteja pronto, ou, quem sabe, tudo não passou de uma brincadeira de momento.


Eu odeio ter que mentir que não te quero. Eu cruzaria a Alemanha só pra te ver, quantas vezes fosse preciso. Nenhum preço paga o valor de um beijo teu, do teu toque, do teu olhar. O calor era um pedido seu pro nosso próximo encontro. Agosto, no meu coração, seria o nosso momento. Agosto era promissor desde janeiro — em silêncio e guardado no meu peito.


Agosto era a promessa de que o verão traria o calor que precisávamos para aquecer nossas vidas, fugindo dos dias cinzas. Meses de espera que me rasgam. Meses de paciência, à espera de compreender o seu mundo e te abraçar tão forte, até que você se sentisse em casa — nesse abraço nada gringo, culturalmente familiar.


É que tuas mãos são tão macias… É que teu beijo é tão suave, que o resto das lembranças do nosso encontro vai me dando adeus, como um navio que desaparece no horizonte. Tudo isso porque você nunca mais esteve aqui, desde que tudo começou.

Teu anjo da guarda já deve estar cansado de ouvir minhas orações — de quantas vezes eu pedi pra ele te fazer pensar um pouquinho em nós. 

É isso. Eu gostaria que fosse nós.

Eu gostaria que agosto fosse nosso.


Ler Mais

domingo, 1 de junho de 2025

Carta para Damian

Caro Damian,

Queria te dizer que menos de duas horas foram necessárias para que uma grande parte de ti ficasse comigo antes de partires. Teu esforço e afeto me tocaram. Nossos idiomas se encaixam com uma semelhança que me faz rir pelas diferenças — mas pouco importa, porque sei que você me decifrou em minutos. Ditados são como provérbios, e o que já dura semanas comigo é: quem fica, sempre sente falta.

Falta dessas mãos que tocaram meu corpo e meu rosto de um jeito único e carinhoso — e que deixaram um desejo: te ver em breve.

Falta dessa mão desastrada que ainda me deve um batido de chocolate e um encontro que eu anseio logo. Falta desse conforto de poucas horas em que eu pude me sentir em casa, fingir quase falar a minha língua e, mesmo assim, ser compreendido.

Estar encantado por você é querer replay — e muito mais — mas sem pressa, bem devagar. Lembrar de você é como acender um fogo que me consome nos meus sonhos e no meu dia a dia. É como estar morrendo de sede no primeiro dia do verão.

Será que eu teria mesmo te conhecido na universidade em Rosário, em 2019? Ou será que isso só deveria ter acontecido agora? E, se foi agora... por quê?
Tenho tantas questões que só poderiam ser respondidas pelos teus olhos.

Essa distância me corrói. O que, na verdade, me avassala é não saber onde foi que me perdi. Talvez tenha sido na mesma coisa de sempre: dosar o que sinto.
Damian, não posso me desculpar por ser honesto com meu coração — e contigo. Eu não consigo conter o que sinto por você.

Com essa distância, eu vou fingindo estar bem — meio desconectado de ti, sem previsões de quando poderei te abraçar forte de novo.

Hoje, essa carta é de saudade.
E das possibilidades que meu coração deseja tanto descobrir — em você, sobre você, com você.

Hoje é sobre saudade.

Ler Mais