sexta-feira, 7 de abril de 2017

Amizade não serve.

Conheci Guilherme no colégio e desde então tem sido meu amigo. Sempre morou na rua de trás e sempre me deu força com a faculdade. Gostava da minha mãe e sempre por ela perguntava. Quando eu falava de qualquer cara,  ele logo tratava de mudar de assunto. Toda quinta as nove e quinze da noite após seu trabalho, ficávamos na calçada conversando. Antes disso eu logo tratava de fazer o café e afinar o violão. Eu acertava as notas e ele as letras. Brincávamos que seríamos dupla sertaneja em todo ano seguinte. Sempre pontual fazia meu fim do dia ser incrível e de quebra trazia uma torta de morango que me salvava nos dias de tpm. Todos diziam que ele me olhava de uma forma diferente, mas nunca quis acreditar. Até que esse dia chegou. Disse que não dava mais para guardar tanto sentimento e que já não sabia se era paixão ou se já havia se tornado amor. Que amava o meu cabelo cor de ouro e o meu sorriso. Surpresa, bati o martelo e disse que só o via como amigo. De fato, não queria que estragássemos a nossa amizade. Na semana seguinte preparei o café e o violão, mas ele não apareceu. Na terceira semana sumiu das redes sociais e não tive mais notícias. Na quarta, as vizinhas diziam-me não tê-lo visto mais. O que era amizade se tornou saudade. Vi aflorar um sentimento dentro do meu peito que eu jamais havia sentido. Borboletas passaram a habitar no meu estômago e eu logo queria ter seu abraço outra vez e sentir suas mãos firmes ao tentar aprender a tocar violão. Me vi apaixonada e dentro de um clichê de novela. Dia 16 de março numa quinta feira estava pronta para sair com as amigas para o barzinho no centro da cidade. Algo me segurou ali e eu só queria tê-lo ao meu lado. Pedi para as meninas irem até sua rua e o aguardei na porta de sua casa. Surpresa fiquei ao vê-lo com um novo corte de cabelo, assim como ele por ter-me visto. Abri meu coração e disse que já estava apaixonada. Guilherme logo sorriu e me roubou um beijo. Minhas mãos não mais estavam ocupadas pelo violão, mas sim com seu corpo. Não nos tornamos dupla sertaneja, mas nos tornamos a dupla mais apaixonada do bairro. Realmente, só amizade não servia.

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